sábado, 31 de maio de 2008

História

No dia 2 de abril de 1933, Vasco e América realizavam o primeiro jogo profissional no Rio de Janeiro. A partida amistosa, que teve como palco o estádio de São Januário, contou com um público estupendamente grande, que mesmo com o tempo chuvoso compareceu em massa ao evento, com a certeza de que estaria testemunhando um fato histórico do futebol brasileiro. Coube ao atleta rubro Agrícola o feito de assinalar o tento inaugural do profissionalismo na antiga Capital Federal, aos dois minutos de bola rolando. O gol, porém, foi contra. Gradim aumentou a contagem para os vascaínos e, ainda na etapa inicial, Carola diminuiu a vantagem, estabelecendo o placar final do encontro.
Desde o fim do ano anterior, América e Fluminense estavam na vanguarda para a criação de uma liga carioca profissional. No início de 1933, depois de uma conturbada briga interna, o Vasco resolveu aderir a este movimento, ocasionando inclusive a troca de toda a sua diretoria. Em 23 de janeiro, os três clubes, juntamente com o Bangu, fundam a Liga Carioca de Futebol, entidade que ainda contaria com a presença do Flamengo, mas somente a partir de maio. A LCF, porém, mesmo contando com a força de seus filiados, permaneceu não-oficial durante seus primeiros dois anos de existência, já que a CBD neste primeiro momento não aderiu ao regime profissional.
Simultaneamente aos acontecimentos da Cidade Maravilhosa, na capital paulista, um fenômeno similar ocorrera em março, quando a APEA (Associação Paulista de Esportes Atléticos) se tornou profissional. Coube ao Santos e ao São Paulo disputar, na Vila Belmiro, a primeira partida no novo regime, no dia 12 de março (três semanas antes do confronto Vasco e América). O embate, também amistoso, foi vencido pelo Tricolor Paulista por goleada (5 a 1) e Friedenreich inscreveu mais uma vez seu nome na história ao marcar o primeiro gol do futebol profissional no Brasil.
Gradim

Primeiro atleta vascaíno autor de um gol na era profissional, Francisco de Souza Ferreira, o Gradim, nasceu em Vassouras, no dia 15 de junho de 1908. Antes de atuar pelo Vasco, jogou no Bonsucesso, quando foi convocado ao lado de seu companheiro de clube, o jovem Leônidas da Silva, para disputar (e ganhar) a Copa Rio Branco no Uruguai, em dezembro de 1932. Na temporada seguinte, chegou ao Gigante da Colina, tendo sido figura importante na conquista do Carioca de 1934. Naquele campeonato, ele assinalou nove tentos nas doze partidas que fez na campanha vitoriosa do time. Seu antigo parceiro Leônidas, o Diamante Negro, havia se transferido para a equipe de São Januário naquele ano, contundindo-se, no entanto, logo no início da competição.
Penduradas as chuteiras, Gradim se tornou técnico de futebol e esteve à frente do Vasco nas brilhantes conquistas do ano de 1958: o Torneio Rio-São Paulo e o Carioca (no famoso Super-supercampeonato). Porém, um de seus maiores feitos ainda estava por acontecer: em 1969, atuando como 'olheiro', ele trouxe das peladas de Duque de Caxias, direto para a escolinha do clube da Cruz de Malta, um certo garoto de 14 anos, chamado Carlos Roberto. Menino que viria a ser nada mais, nada menos do que um dos maiores ídolos da torcida vascaína em todos os tempos: Roberto Dinamite. O artilheiro da camisa 10, inclusive, dedicou a ele o seu tento de número 500 assinalado em 1982. Esse foi certamente o maior gol feito por Gradim, que faleceu em 12 de junho de 1987, três dias antes de completar 79 anos.

VASCO DA GAMA (RJ) 2 X 1 AMÉRICA (RJ)
Data: 02/04/1933.
Local: Estádio de São Januário / Rio de Janeiro.
Público: 50.000 presentes (sócios dos dois clubes não pagaram ingresso). Renda:Aproximadamente 54 contos de réis.
Árbitro: Loris Cordovil.
Gols: Agrícola (contra) 2'/1º, Gradim 18'/1º, Carola 30'/1º
VASCO DA GAMA: Jaguaré, Juca e Itália; Tinoco, Fausto e Mola; Bahiano, Faria, Gradim, Carnieri e Orlando.
AMÉRICA: Aymoré (Rabelo), Penaforte e Hildegardo; Agrícola, Oscarino e Baby; Carola, Curto, Waldemar, Juquiá e Dentinho.

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