quarta-feira, 29 de julho de 2009

Bernardo

Crédito: http://www.supervasco.com/
Bernardo Fernandes da Silva, o Bernardo (20/04/1965), que se notabilizou como volante de São Paulo e Corinthians, foi descoberto nas divisões de base do Marília. Por ter feito um grande Campeonato Paulista em 1985 pelo clube do interior, acabou despertando o interesse dos dirigentes do São Paulo. Voluntarioso e de boa técnica, sempre foi dono de grande personalidade em todas as equipes que defendeu, tendo sido capitão em quase todas elas.

A trajetória de Bernardo é vitoriosa. Depois de chegar ao São Paulo, levantou em 1986 a taça de campeão brasileiro, feito que repetiria em 1991. Foi campeão paulista em 1987 e em 1989 chegou ao bicampeonato, também com a camisa do Tricolor do Morumbi. Ficou no São Paulo de 1985 a 1991, quando se transferiu para o Bayern de Munique (Alemanha), onde jogou a temporada 1991/92. Da Alemanha voltou para o Brasil, quando jogou pelo Vasco da Gama. Em 1993, voltou novamente para o Bayern e ficou lá até 1994. Em 1995, atuou pelo Corinthians e foi vitorioso. Conquistou naquele ano o título paulista e o da Copa do Brasil.

Depois do Corinthians, as portas do mercado internacional novamente se abriram para Bernardo. O Japão acabou sendo o desafio e ele foi para o Cerezo Osaka. Passou um ano por lá e voltou para o Timão em 1996 e depois seguiu para o Atlético Paranaense, onde encerou carreira em 1997.

De acordo com o Almanaque do São Paulo, de Alexandre da Costa, Bernardo fez 236 jogos pelo Tricolor, obtendo 102 vitórias, 90 empates e 44 derrotas. Marcou 16 gols. Já com a camisa do Timão, foram 80 jogos, com 37 vitórias, 30 empates e 13 derrotas. Bernardo fez apenas 3 gols, sendo o mais importante o marcado de cabeça, sobre a Portuguesa, em 15 de julho de 1995. A partida era válida pelas semifinais do Paulistão. No último minuto, Bernardo usou sua estatura e fulminou o gol de Paulo César.

Fonte: http://www.netvasco.com.br/forum

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Juvenil 1971

Equipe juvenil vascaína campeã carioca de 1971 tendo com grande destaque o nosso artilheiro maior, Roberto Dinamite. Tambem se destacou nessa formação o meio campo Gaúcho, o zagueiro Marcelo, o meia habilidoso Pastoril que teve grandes perfomances no Goiás e também no Mixto de Cuibá e Paulinho com passagens por divisões de base do Brasil e com carreira no interior de São Paulo sendo depois conhecido por Paulinho Jaú.

Fonte: http://albumdocrvascodagama.blogspot.com

Salomão

Salomão – o príncipe do futebol nordestino

Santa Cruz e Sport Recife mandavam no futebol pernambucano. O trabalho de base desenvolvido em Pernambuco pelo Santa Cruz, formando jogadores de alto nível para o futebol brasileiro e se dando ao luxo de emprestar ou negociar os garotos ainda na fase de lapidação, garantia a hegemonia ao time cobra coral.

Sport Recife e Náutico Capibaribe começaram a traçar planos para impedir os avanços do adversário que se distanciava muito na preferência do torcedor, enchendo estádios e conquistando títulos importantes.

Trabalhando a base – mas sem muita qualidade – para tentar suprir as necessidades técnicas e o anseio de conquistas dos treinadores, ainda assim Náutico e Sport precisavam recorrer às contratações em outros estados com o objetivo de frear o Santa. O clube coral, com estreito relacionamento com o futebol paraibano, contratou Zezito junto ao Campinense Clube, de Campina Grande, melhorando ainda mais a qualidade do seu meio-campo. A contratação do cearense – Zezito era cearense de Fortaleza – pelo Santa Cruz mexeu com a torcida do Náutico, que não entendia como o adversário contratava um jogador de alto nível técnico e o clube timbu nem se mexia.

Dirigido por empresários de reconhecimento nacional no ramo bancário e de transporte interestadual, o Náutico foi também a Campina Grande e contratou o ainda desconhecido em Pernambuco, mas muito conceituado em meio aos torcedores alvinegros paraibanos, o “médio volante” Salomão.

Estudante de medicina em Campina Grande, a princípio Salomão encontrou empecilho para largar o curso ou trancar a matrícula e, ainda mais, para conseguir transferência para Recife. Salomão, visivelmente, preferia o curso de Medicina ao futebol.

Mas, eis que, no ano de 1963 o jovem jogador chega ao Náutico Capibaribe de Recife, que perdera o cearense Evandro para o São Paulo e, meses depois, Paulinho para o futebol baiano, e precisava recompor seu elenco para continuar na luta titânica contra os adversários em busca de títulos.

E tão logo chegou ao alvirrubro pernambucano, Salomão, paraibano de nascimento, foi compondo o time principal que conquistou o título estadual de 1963, o primeiro da série de seis conquistados em Pernambuco, que recentemente permitiu a comemoração dos 40 anos do hexacampeonato.

Na conquista inédita – por que abriria a série – o Náutico formou na maioria dos jogos com o time base: Lula (Valdemar); Zé Luiz, Gilson Costa, Evandro e Clóvis; Salomão e Ivan; Nado, Bita, Nino e Rinaldo.

Figuras exponentes do time e da conquista, além do próprio Salomão, o goleiro Lula Monstrinho, Evandro, Nado, Bita e Rinaldo. Evandro, zagueiro e médio volante foi negociado ao São Paulo; Nado foi convocado posteriormente para a seleção brasileira antes de ser negociado ao Vasco da Gama; Bita, eterno artilheiro timbu, e Rinaldo, negociado ao Palmeiras.

Em 1964, entretanto, apesar da conquista do bicampeonato pernambucano sob o comando de David Ferreira (Duque), Salomão sofreu uma contusão grave e por pouco não abandona o futebol. Jogando pelo Náutico, Salomão viajou até Fortaleza, onde enfrentou o Ceará no estádio Presidente Vargas em jogo válido por uma competição nacional. Naquele jogo, levou uma pancada no tornozelo do então oponente zagueiro central Mauro Calixto (eles jogaram juntos depois no Náutico) e caiu com o braço sobre a barriga, fraturando o rim direito.

O Presidente Vargas estava cheio, e Salomão estava indo em direção ao gol. A pressão era grande, o jogo ainda não tinha vencedor e Mauro Calixto, muito jovem e em começo de carreira, tentou impedir o avanço do meia alvirrubro. Os dois se chocaram e acabou sobrando para Salomão.

Mesmo com o rim aberto, Salomão permaneceu em campo. As conseqüências foram sentidas adiante, e ele precisou ser substituído. O jogador ficou meio desorientado, com o sangue diminuindo. Teve anóxia cerebral (ausência de oxigênio no cérebro) e foi retirado de campo. Quando voltou ao Recife, teve o rim suturado. Só que isso aconteceu cinco dias após o jogo. Depois de três meses, Salomão retornou aos gramados.

Salomão voltou a campo a tempo de participar da conquista do bicampeonato estadual numa final diante do Sport Recife, na Ilha do Retiro, no dia 25 de setembro. O Náutico venceu por 2 a 1, com gols marcados por Geraldo e Bita.

O elenco timbu naquele ano foi formado por Lula, Sílvio, Nelson, Gernan, Gena, Gilson Costa, Olavo, Rubens Caetano, Zequinha, Fraga, Clóvis, Toinho, Salomão, Ivan, Rossy, Benedito, Paulinho, Geraldo, Bita, Coutinho, Nado, Elcy, Nino, Lala e Miro. Time base: Lula; Gena, Gilson Costa, Zequinha e Fraga (Clóvis); Salomão e Ivan; Nado, Bita, Nino e Lala.

Jogador de futebol brilhante e muita classe e categoria, Salomão foi negociado ao Santos Futebol Clube em 1965. No time de Pelé, Salomão não jogou por muito tempo, apesar da força e apoio recebidos de Zito, em final de carreira e necessitando deixar no time um substituto à altura.

Salomão preferiu retornar à Recife para concluir o curso de medicina. É neurologista. Tão logo retornou à capital pernambucana, novamente ligado ao Náutico, Salomão foi envolvido em nova negociação, desta feita com o Vasco da Gama do Rio de Janeiro.

No Vasco da Gama, em 1967, quando o cruzmaltino era presidido por Agathyrno da Silva Gomes e treinado por Gentil Cardoso em final de carreira, a formação do time era a seguinte: Franz; Jorge Luiz, Brito, Fontana e Oldair; Salomão e Danilo Menezes; Zezinho, Bianchini, Nei e Mário.

Mesmo defendendo as cores do Náutico em três temporadas (63, 64 e parte de 65) Salomão integra o time dos sonhos do Náutico em todos os tempos: Lula; Gena, Mauro Calixto, Fraga e Marinho Chagas; Salomão, Ivan e Vasconcelos; Nado, Bita e Lala.

Têxto: José de Oliveira Ramos

domingo, 19 de julho de 2009

Valter Marciano, Belinni e Pinga



Em 1956, num campeonato disputadíssimo, o Vasco sagrou-se novamente campeão carioca. Belini,Vavá, Orlando, Valter e Pinga foram os principais condutores que levaram o Vasco a esta conquista.

Após o campeonato, numa edição de Manchete Esportiva, Nélson Rodrigues escreveu a crônica "O Javali do Vasco", aqui, em parte transcrita:

"... Na crônica passada, fiz elogio de toda equipe de São Januário. Fixei, porém, mais o conjunto do que os valores individuais. Hoje, ao voltar ao assunto, ocorre-me perguntar: - quem foi, dentre os 11 jogadores cruzmatinos, o craque decisivo? Eis um problema que justifica uma certa perplexidade. De uma maneira geral acha-se que a grande figura da equipe vascaína foi Válter. E justiça se lhe faça: - é um jogador extraordinário, que faz um futebol rápido, penetrante, objetido. Estou em que Martim Francisco pôs nos pés de Valter, a sorte de muitas batalhas. Mas eu vos digo: - se perguntassem a mim qual o craque mais representativo do Vasco, no campeonato de 56, eu indicaria outro nome. Sim, apontaria o nome e a figura de Belini. Objetará alguém que Valter, como jogador, tem mais recurso. Admito. Mas em futebol, nem tudo é técnica, nem tudo é tática. E a meu ver, o símbolo humano mais perfeito do Clube da Cruz de Malta, na jornada que passou, é Belini. Ele exprime todo o elan, toda a gana, toda a garra do seu time. Olhem, panoramicamente, o campeonato e vejam como, em todos os jogos do Vasco, o notável zagueiro foi sempre o mesmo. É o homem que vive os 90 minutos, de cada peleja, segundo a segundo. Para ele não existe pelada. Tanto faz jogar com o Arranca grama F.C., ou com o escrete húngaro. Ele não vê o adversário: - vê, sempre, o Vasco. Não se pode imaginar um jogador que se dedique mais a um jogo, que se entregue mais, que lute e se mate tanto. Plantado na defesa cruzmaltina ele se levanta como uma espécie de bastilha inexpugnável. E eu creio que um Vasco sem Belini já seria menos Vasco ou por outra: - seria um Vasco descaracterizado, um Vasco mutilado na sua flama e no seu tremendo apetite de vitória."

Fonte: http://www.fotolog.com.br/idolosdacolina

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Vasco da Gama 4 x 2 Fluminense em 1951

Tesourinha, Ipojucan, Friaça, Maneca, Djair

Cercado de uma expectativa, realmente, das maiores, o "classico" Fluminense x Vasco, atraiu uma assistencia dos maiores ao estadio do Maracanã e estabelecendo então um novo recorde em jogos do campeonato carioca de futebol com a expressiva e magnifica arrecadação superior a um milhão de cruzeiros.
Adversarios tradicionais do futebolismo metropolitano e mais do que isto, lideres invictos do campeonato, era natural e compreensivel que o cotejo a ser disputado pelos dois clubes despertasse tanto interesse e tantos comentarios, a ponto de provocar aquela enchente no maior estádio do mundo.
A vitoria pertenceu ao Vasco, quatro a dois, mas a verdade é que esse resultado chegou a surpreender a muitos, não propriamente pela contagem ou pelo expressivo numero de tentos, mas, pela atuação dos dois quadros, pois,muitos acreditavam cegamente que o Fluminense fosse exigir dos cruzmaltinos todos os esforços para deixarem o gramado vitoriosos, fato que, realmente, não aconteceu.

A vitoria do Vasco foi liquida e insofismável e, si de um lado, a atuação do Vasco serviu para reafirmar todas as esperanças de seus torcedores de que nunca o clube de São Januario esteve tão proximo do tricampeonato, de outra parte, o Fluminense não confirmou tudo o que se dizia a seu respeito, mercê de suas atuações anteriores e caiu bisonhamente, como se não estivesse em condições de arcar com as responsabilidades de lider da tabela, ainda que isso se verificasse no inicio do campeonato.
Uma atuação maiuscula, sem duvida, do Vasco da Gama e decepcionante do tricolor carioca, de quem muito se esperava e nada de produtivo puderam os seus defensores realizar.

Um Vasco como nos velhos tempos

O Vasco da Gama, na tarde de ontem, atuou como em suas mais gloriosas e produtivas jornadas.
Com o trio final firme, com a intermediaria esbanjando classe e entusiasmo e com ataque onde todos corresponderam, os cruzmaltinos reaIizaram a sua melhor atuação do campeonato, ou mais precisamente, desde ha um ano atrás, ou mais ainda, se quisermos fazer um retrospecto no espaço e no tempo.
A formula preconizada por Otto Gloria, para o ataque, com Tesourinha, Ipojucan, Edmar, Maneca e Friaça deu o mais completo resultado e foi, justamente, dai que nasceu o caminho para a insofismavel vitoria desse "rolo compressor", que é a esquadra de S. Januario. A defesa jogou o seu ritmo normal, enquanto a vanguarda usando o jogo pelas pontas, onde Friaça e Tesourinha estavam sempre desmarcados e lançando as bolas altas sobre a area tricolor, á procura de lpojucan, foi muito feliz, nesse seu modo de agir, bastando-se revelar que três dos quatro tentos surgiram dessas concatenações.
No duelo de taticas, não ha duvidas, venceu e de maneira completa, a "crioula" de Otto Gloria contra a europeia adotada por Zezé Moreira.

Fluminense perdeu-se na confusão do seu sistema de marcação

Apesar de Zezé Moreira ser um estudioso do futebol, cremos que a derrota do Fluminense, cabe, em sua maior dose, ao sistema de marcação adotado pelo seu quadro, quando a maioria, sinão a totalidade de nossos times, joga sob um sistema rigido de bloqueio e com as improvisações que se fizerem necessarias, tanto no ataque, como na retaguarda.
De fato, o sistema de marcação flexível, por zona pode oferecer grandes resultados na Europa, onde os jogadores ficam mais "presos" ao terreno e possuem outra mentalidade profissionalista que os "de casa" e dai as desvantagens que a adoção de tal sistema acarreta para o time que a vem praticando, no caso, o Fluminense.
Esse sistema inglês deu resultado no Botafogo, em 1948, mas é preciso notar-se que nesta época, o Botafogo tinha um time formado de elementos que vinham jogando juntos ha muito tempo e varias deles de comprovada classe e talhados para realizarem esse jogo, além dos outros concorrentes, exceto o Vasco, não apresentaram grandes credenciais para a disputa do titulo maximo, fato que não ocorre este ano.
No prelio de ontem, esse erro do Fluminense foi patente. Bastou Pé de Valsa não cumprir a risca as determinações do tecnico quando atuando pessimamente, Pinheiro ficar "colado" dentro da área e facilitando, assim, as arrancadas do lpojucan e Edmar, além da pouca produção de Orlando e falta de maior traquejo de Joel e Telê para todo o sistema anteriormente, tão estudado, para que o Fluminense "desaparecesse" dentro do gramado e permitisse um completo dominio do adversario.
Castilho tambem, notadamente no lance do ultimo tento, não esteve à altura de seu cartaz e contribuiu de maneira positiva para a derrota de seu clube, ainda que involuntariamente e seja uma contingencia do proprio futebol.

Naturalmente, Zezé Moreira anotou todas as falhas de seus elementos e a impossibilidade da adoção do sistema rígido, pelo menos nos moldes como vem sendo usado e, já para o proximo compromisso, o Fluminense surgirá ante o seu publico com outra fisionomia.
Pinheiro, Edson, Didi e Pindaro, no tricolor e Danilo, Maneca, Friaça, Tesourinha, Alfredo e Eli, no Vasco, foram as grandes figuras do cotejo enquanto Pé de Valsa talvez por defeciencia fisica, foi o mais fraco elemento em campo seguido de perto por Joel.
Mario Viana foi um juiz magnifico. A renda de CR$ 1.O39.672,00, constitue o novo recorde do campeonato carioca de futebol deste ano.

Súmula do jogo

VASCO DA GAMA (RJ) 4 X 2 FLUMINENSE (RJ)
Data: 09/09/1951
Campeonato Carioca 1951
Local: Estádio do Maracanã
Árbitro: Mário Vianna
Público: 87.019
Renda: CR$ 1.039.672,00
Gols: Tesourinha (2), Ipojucan, Danilo Alvim; Carlyle, Didi
VASCO DA GAMA: Barbosa, Augusto e Clarel,Eli, Danilo Alvim e Alfredo, Tesourinha, Ipojucan, Edmur, Maneca e Friaça / Técnico: Otto Glória
FLUMINENSE: Castilho, Píndaro e Pinheiro, Pé de Valsa, Edson e Jaiminho, Telê, Didi, Carlyle, Orlando e Joel.

Fonte: Jornal Gazeta Esportiva

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Orlando Lelé

Texto de Lúcio Humberto Saretta

O futebol tem a inestimável virtude de gerar e perpetuar personagens. Homens que habitam um canto distante de nossa mente, aparecendo de quando em quando, despertando em nós lembranças e sentimentos adormecidos. As primeiras imagens de Orlando Lelé chegaram até mim graças a um programa de tv dominical, em que o jornalista Milton Neves mostrava gols de arquivo.
Com a sua silhueta impressionante, Orlando capturou como poucos a aura de sua época de jogador, ou seja, os anos 70 do século passado. Invariavelmente atuando na faixa lateral direita do Maracanã, corria vigoroso atrás da bola. Longas melenas e um vasto bigode adornavam o rosto de Orlando, enquanto o seu corpanzil branco e
magro empregava mais uma investida ao ataque.
Natural de Santos, Orlando começou a sua carreira no clube alvinegro da Vila Belmiro. Eram os últimos anos de Pelé no time e o jovem ocupava esporadicamente a lacuna deixada por Carlos Alberto Torres na lateral direita. Jogando ao lado dos argentinos Cejas, goleiro campeão do mundo com o Racing , e Ramos Delgado, Orlando foi aprimorando o seu ofício. Mas era um plantel desorganizado. O meia Afonsinho atesta que “a diretoria era muito fraca
, o ambiente conturbado”. No ataque, Alcindo e Pelé tentavam reviver os tempos de seleção brasileira, sem sucesso. No ano de 73 Orlando militaria nas fileiras do Coritiba, vivendo um momento ímpar em sua vida. O técnico do clube coxa branca era o famoso Tim, grande estudioso do futebol e campeão argentino de 68 com o San Lorenzo. Apesar de ter rendido bons frutos, a experiência em canchas paranaenses não durou muito. O destino de Orlando Lelé seria o América carioca. Lá as coisas começariam a acontecer de verdade para ele e um grande sonho seu se tornaria realidade: a camisa verde e amarela.
O América de então estava longe de ser o clube pobre e estagnado que é hoje. Pelo contrário, era u
ma das forças do futebol, não só do Rio de Janeiro como do Brasil, figurando como protagonista nos campeonatos nacionais. O seu ataque era uma digna constelação, formando com Flecha, Bráulio, o “garoto de ouro”, Luisinho, Edu e Gilson Nunes. Edu Coimbra, além de irmão de Zico, é também o maior artilheiro histórico da agremiação rubra. Orlando constituiu-se rapidamente em um baluarte daquele time. De seus pés saíam inclusive gols importantes, como aquele que ajudou o América a derrotar o Fluminense na final da Taça Guanabara de 74. Na época, o presidente Wi
lson Carvalhal não titubeou em afirmar que “o América sabe vencer sem humilhar e perder sem humilhar-se”.
A consagração de Orlando seria a convocação para a seleção brasileira. Em uma partida marcante contra o Uruguai no Maracanã, em abril de 76, ele faz a sua
estréia entrando no lugar do flamenguista Toninho Baiano. Tudo corria bem, até que em um lance fortuito Rivelino dá um soco no lateral celeste Sergio Ramirez, revidando uma agressão ao jovem Zico. Ramirez não esqueceria tal gesto. No final do jogo, enfurecido, ele corre atrás do “reizinho do parque”, que, ciente do perigo da situação, rola escada abaixo no afã de refugiar-se nos vestiários. O sururu está formado. Nesse instante surge Orlando como um raio, na tentativa de socorrer algum companheiro. Ferido em seus brios, não pôde fugir à luta, que naquela altura envolvia até mesmo repórteres e membros das comissões técnicas das duas seleções.
A vida segue e as mudanças nos clubes ao final de cada temporada são grandes. Não surpreende, pois, a contratação de Orlando pelo Vasco da Gama em 77. Em São Januário ele receberia vários apelidos por parte da imprensa, como por exemplo, “o canhão da colina” e “o homem que come chumbo”. O clube cruzmaltino tinha como timoneiro Orlando Fantoni, que soube como ninguém entender o espírito do grupo e montar uma defesa que ficou conhecida como “a barreira do inferno”: Mazaropi, Orlando, Abel, Geraldo e Marco Antônio. Não foram poucas as vezes em que “titio Fantoni”, como era chamado pelos jogadores, exultou à beira do gramado com os chutes de Orlando. Tais petardos, se não redundassem em gol, serviam de alimento para Roberto Dinamite, sempre atento ao rebote da zaga.

Orlando Lelé morreria jovem. Após sofrer um acidente doméstico em que ficou tetraplégico, partiu com apenas 50 anos. Sempre lembrado como um sujeito brincalhão e alegre, Orlando jamais comprometeu em serviço, deixando um legado de boas e edificantes memórias dentro do esporte.

Lúcio Humberto Saretta é escritor e mora em Caxias do Sul/RS