A infância
No dia 13 de abril de 1954, às 4h25, nascia Carlos Roberto de Oliveira, no Município de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, Estado do Rio de Janeiro. Filho de seu Maia e dona Neuza - já falecidos infelizmente. Roberto foi criado em São Bento, bairro pobre daquela localidade, onde a principal atividade dos meninos era o futebol. Através desse esporte o garoto pobre de Caxias superou todas as dificuldades com empenho, seriedade e humildade. Foi ali, nas peladas dos campos de várzea, em 1969, que o olheiro - uma espécie de caçador de talentos - Francisco de Sousa Ferreira (o Gradim), ao ver os dribles desconcertantes do jovem Carlinhos (apelido da época), não teve dúvidas de que naquele corpo franzino de apenas 54 quilos, habitava um campeão.
O início da carreira
Imediatamente, Gradim convidou Carlinhos, então com 14 anos, para jogar na escolinha do Clube de Regatas Vasco da Gama, cujo treinador era seu Rubens. Lá ficou pouco tempo porque subiu logo para a equipe de juvenis. No dia 25 de novembro de 1971, com apenas 17 anos, foi escalado pelo técnico Admildo Chirol, para estrear como profissional, vestindo a camisa 10 contra o Botafogo (RJ) substituindo Gilson Nunes. Aos 27 minutos do segundo tempo Roberto pega a bola na intermediária, dribla dois adversários e fuzila o goleiro Gainete que nem viu a redonda passar e estufar a rede.
Roberto agradou tanto que foi escalado três dias depois, 28 de novembro, para jogar contra o Internacional de Porto Alegre, no Maracanã, pelo Campeonato Brasileiro. O Vasco venceu a partida por 2 a 0 com um dos gols feito por Roberto. Foi um chute tão forte e certeiro que o jornalista Aparício Pires, do Jornal dos Sports (RJ), deu a seguinte manchete no dia seguinte: “Explode o garoto Dinamite”. A partir daí, nascia definitivamente para o futebol brasileiro o craque Roberto Dinamite, centroavante com fantástico faro de gol, excelente senso de colocação na área e instinto de artilheiro que mandava para a rede do jeito que vinha - de cabeça, de bicicleta, de perna esquerda ou direita.
Os gols
Não por acaso, Roberto Dinamite é considerado o maior jogador da história do Vasco da Gama e também o maior goleador. Ele vestiu a camisa do clube 1.022 vezes (768 em jogos oficiais e 254 em amistosos) e marcou 754 gols em 20 anos. Foi também duas vezes artilheiro do Campeonato Brasileiro com 190 gols o que lhe dá o direito de ostentar o título de maior goleador da história dessa competição.
Dia 4 de maio de 1980, Maracanã, um público de 107.474 pagantes teve uma experiência inesquecível. Naquele dia o Corinthians, então campeão paulista, enfrentava o Vasco da Gama cuja torcida estava eufórica pela volta de Roberto Dinamite ao clube depois de um algum tempo jogando no Barcelona da Espanha.
Aos 11 minutos, Caçapava, meio-campista corintiano, tenta estragar a festa cruzmaltina ao marcar 1 a 0 para o time paulista. Mas a alegria da Gaviões da Fiel durou pouco. Aos 13 minutos veio a resposta do Vasco através de Roberto Dinamite que iniciou uma goleada que só parou no quinto gol. Foram quatro no primeiro tempo (aos 13, 27, 37 e 39 minutos) e o gol de misericórdia aos 27 minutos do segundo tempo. Sócrates diminuiu aos 42 minutos. Resultado: Vasco 5 x 2 Corinthians. Esse feito transformou Dinamite num dos recordistas de gols numa só partida em campeonatos brasileiros. O recorde foi batido em 1997, por Edmundo, também vascaíno, que marcou seis gols sobre o União São João, em Araras.
Os campeonatos
Nas décadas de 70 e 80, Dinamite contribuiu e muito para o brilhantismo da história do “Clássico dos Milhões” (Vasco e Flamengo). Nas 27 vezes em que os dois arqui-rivais se encontraram, Dinamite marcou 27 gols, tornando-se o maior artilheiro desse encontro.
Com um Maracanã lotado (133 mil pessoas), estava armado o palco perfeito para a decisão da Taça Guanabara entre esses dois gigantes do Rio. O jogo termina empatado no tempo regulamentar com um gol de pênalti de Dinamite e outro de Geraldo. A disputa do título vai para os pênaltis. Depois de quatro gols convertidos a favor do Flamengo, é a vez de Zico bater: o goleiro Mazaropi em dia inspirado, defende o chute do Galinho. Em seguida é Dinamite quem chuta e converte, empatando a primeira série. Na segunda etapa Mazaropi, fechando a meta, defende um chute de Geraldo e Luis Augusto converte decidindo o título em favor de São Januário: Vasco é o Campeão da Taça Guanabara de 1976.
No ano seguinte, em 1977 o Vasco jogava com o Bonsucesso, numa partida considerada por Dinamite uma das mais emocionantes de sua carreira. O time da Colina perdia por 1 a 0 e praticamente se despedia da Taça Guanabara daquele ano. Aos 43 minutos do segundo tempo, Dinamite empata com um gol de pênalti e provoca o seguinte comentário do zagueiro Dario: “O jogo já terminou. Você só faz gol de pênalti. O Vasco já era”. Antes do término da partida, o juiz levanta a placa e prorroga a partida por mais dois minutos. Era só o que Dinamite precisava para responder ao zagueiro que lhe provocara minutos antes. Orlando (Lelé) dá um chutão para a área, Dinamite domina e coloca no fundo da rede para desespero do goleiro adversário e do linguarudo Dario. Vasco 2 x 1 Bonsucesso. Estava aberto o caminho para mais um título.
Em seguida, a equipe cruzmaltina se prepara para enfrentar o Botafogo. Para o Vasco basta o empate, já o Alvinegro precisa ganhar para forçar uma outra partida. Dinamite faz dois gols. Resultado final: Vasco 2 x 0 Botafogo. Vasco é Bi-Campeão da Taça Guanabara de 1977.
Nesse mesmo ano, o time de São Januário já ganhara o primeiro turno e decidia o Campeonato Estadual num segundo turno com o Flamengo. Era uma partida extra e muito equilibrada, sem favoritismo, como convém a um clássico. Como o jogo terminou empatado, a disputa foi para os pênaltis. A cobrança estava pau-a-pau até que, o goleiro Mazaropi, defende um chute de Tita. Mais uma vez sobrou para Dinamite que cobrou com classe e converteu. O Vasco é Campeão Estadual de 1977.
Os títulos
Tudo na carreira esportiva de Dinamite é grandioso. Ganhou cinco títulos cariocas em três décadas diferentes (1977, 82, 87, 88 e 92); foi campeão do Brasileirão (1974) e artilheiro também neste mesmo ano e também em 1984 com 181 gols pelo Vasco e nove pela Portuguesa; disputou duas Copas do Mundo (1978 e 1982) e marcou 26 gols nas 49 vezes em que vestiu a camisa canarinho. Ao todo foram 21 anos dedicados ao futebol, dos quais 20 no Vasco, sempre com a camisa 10; campeão da Taça Guanabara seis vezes (1976, 77, 86, 87, 90 e 91).
Os recordes
Em 5 de setembro de 1979, bateu o recorde de 271 gols de Ademir ao marcar 272; alcançou a marca de 578 jogos naquele ano, superando o ex-craque Sabará que havia jogado 576 partidas. Segundo a Federação Internacional de História e Estatística de Futebol (IFFHS), com sede na Europa, Dinamite marcou no Campeonato Brasileiro ao longo de sua carreira, 470 gols, atrás apenas de Pelé, Josef Bican (Tchecoslováquia), Puskas (Hungria) e Romário (Brasil), sendo o 5º maior artilheiro do mundo em campeonatos da primeira divisão. Não á toa, Dinamite é considerado o maior ídolo da história do Vasco e um dos ícones do futebol brasileiro.
O começo e a despedida
O primeiro jogo pelo Vasco da Gama foi no Estádio da Fonte Nova em 14 de novembro de 1971, contra o Bahia com vitória vascaína por 1 a 0; o primeiro gol foi no Maracanã, em partida do Vasco contra o Internacional (RS), em 25 de novembro de 1974; último jogo contra o La Coruña (Espanha), em amistoso no Maracanã com vitória do time espanhol por 2 a 0 em 24 de março de 1993; último gol em São Januário, em 26 de outubro de 1992, contra o Goytacaz.
Encerrou sua carreira de jogador em 1993, no Maracanã, pouco antes de completar 39 anos de idade. Durante todo esse tempo, Roberto Dinamite conquistou a confiança e simpatia de uma legião de fãs que aprenderam a admirá-lo pela sua integridade, respeito, honestidade e dignidade que sempre pautaram toda a sua vida. Ele é um caso raro de unanimidade no futebol. Não importa o time da preferência, todos o veneram.
Fonte: site oficial de Roberto Dinamite
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