quarta-feira, 16 de julho de 2008

Vilson Taddei

Vilson Taddei: fim de uma longa solidão

Por Nelson Cilo

Você não pode se afastar de um meio bem concorrido. Assim, não te esquecem
Se tem uma coisa que Vilson Taddei ainda engoliu é a insegurança na carreira dos treinadores. O técnico e ex-jogador de uma dezenas de equipes do País — inclusive o São Paulo, Grêmio, Inter e Monterrey (México) — curtiu um forçado retiro em São José do Rio Preto. Afinal, estava longe do futebol.

Depois de dirigir o Olímpia na última temporada, ele não arrumava emprego, mas o clube decidiu recontratá-lo. Apesar do alívio, uma coisa que ainda o intriga é a mentalidade dos cartolas, que, em geral, apostam “naquela meia-dúzia de sempre”. É uma espécie de roda-viva que bloqueia os espaços dos novos. Vilson Taddei sabe que a cultura do futebol brasileiro não valoriza quem esteja fora do chamado grupo de elite dos técnicos. Meio desiludido, Vilson Taddei até lança um desafio. “Vou usar um exemplo apenas teórico.

Se me dessem um time grande ou a seleção — e colocassem o Felipão do outro lado — eu ganharia dele quantas vezes viessse a enfrentá-lo. Quero dizer o seguinte: se você tem uma boa estrutura e um elenco de alto nível nas mãos, é muito mais fácil, claro”, constata. Vilson Taddei reclama das desigualdades de critérios, mas nunca perdeu a confiança em si mesmo. Ele carrega um currículo imenso nas costas. Existe algo muito importante que o ajuda a desafiar as possíveis fases de desânimo: a fé em Deus. Ele freqüenta o Movimento Carismático na Basílica de São José do Rio Preto e participa de grupos de estudos religiosos.

É uma espécie de reduto espiritual. Também esquenta animadíssimos rachas no Monte Líbano. Além de tocar uma boa certinha, como na época em que corria no ataque do São Paulo, ele reúne os velhos amigos no bar do clube. Entre eles, Soler, Adílson e Adamastor. Dos tempos em que era profissional, reencontra Neguito (ex-Atlético Mineiro) e Tino (ex-Cruzeiro). Agora, Vilson Taddei recomeça o pique no Olímpia. Ele reconhece que cultiva bons espaços no interior paulista. Nas vezes em que permanece em Rio Preto, ele se envolve no convívio familiar. A mulher, Maria Aparecida, não se incomoda ao vê-lo, desligadão, na frente da TV para acompanhar as rodadas do Campeonato Brasileiro.

Os filhos, Mayco (20 anos) e Maryan), sempre dão uma força ao pai. “Fiquei temporariamente sem trabalho, mas me mantive atualizado. O futebol é o meu ofício. Você não pode se afastar de um meio bem concorrido. Assim, não te esquecem”, disse Vilson Taddei, que agora retorna ao ninho antigo. Para fugir do tédio, ele procura ler muito, especialmente sobre literatura esportiva.



Nome: Vilson Taddei.
Nascimento: Urupês (SP)
Data: 02/06/1954.

Clubes: Rio Preto, América-SP, Penapolense, Barretos, São Paulo, Coritiba, Grêmio-PA, Santa Cruz-PE, Guarani, Internacional-PA, Vasco da Gama, Monterrey (México), Figueirense, Taquaritinga, Jaboticabal e Jalesense.

Títulos: campeão gaúcho-80 (Grêmio), brasileiro-81 (Grêmio), regional-84 (Internacional-PA) e mexicano temporada 85/86 (Monterrey), além de várias conquistas em torneios internacionais.


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