Tesourinha, Ipojucan, Friaça, Maneca, Djair
Crédito: http://valdirappel.blogspot.com
Cercado de uma expectativa, realmente, das maiores, o "classico" Fluminense x Vasco, atraiu uma assistencia dos maiores ao estadio do Maracanã e estabelecendo então um novo recorde em jogos do campeonato carioca de futebol com a expressiva e magnifica arrecadação superior a um milhão de cruzeiros.
Adversarios tradicionais do futebolismo metropolitano e mais do que isto, lideres invictos do campeonato, era natural e compreensivel que o cotejo a ser disputado pelos dois clubes despertasse tanto interesse e tantos comentarios, a ponto de provocar aquela enchente no maior estádio do mundo.
A vitoria pertenceu ao Vasco, quatro a dois, mas a verdade é que esse resultado chegou a surpreender a muitos, não propriamente pela contagem ou pelo expressivo numero de tentos, mas, pela atuação dos dois quadros, pois,muitos acreditavam cegamente que o Fluminense fosse exigir dos cruzmaltinos todos os esforços para deixarem o gramado vitoriosos, fato que, realmente, não aconteceu.
A vitoria do Vasco foi liquida e insofismável e, si de um lado, a atuação do Vasco serviu para reafirmar todas as esperanças de seus torcedores de que nunca o clube de São Januario esteve tão proximo do tricampeonato, de outra parte, o Fluminense não confirmou tudo o que se dizia a seu respeito, mercê de suas atuações anteriores e caiu bisonhamente, como se não estivesse em condições de arcar com as responsabilidades de lider da tabela, ainda que isso se verificasse no inicio do campeonato.
Uma atuação maiuscula, sem duvida, do Vasco da Gama e decepcionante do tricolor carioca, de quem muito se esperava e nada de produtivo puderam os seus defensores realizar.
Um Vasco como nos velhos tempos
O Vasco da Gama, na tarde de ontem, atuou como em suas mais gloriosas e produtivas jornadas.
Com o trio final firme, com a intermediaria esbanjando classe e entusiasmo e com ataque onde todos corresponderam, os cruzmaltinos reaIizaram a sua melhor atuação do campeonato, ou mais precisamente, desde ha um ano atrás, ou mais ainda, se quisermos fazer um retrospecto no espaço e no tempo.
A formula preconizada por Otto Gloria, para o ataque, com Tesourinha, Ipojucan, Edmar, Maneca e Friaça deu o mais completo resultado e foi, justamente, dai que nasceu o caminho para a insofismavel vitoria desse "rolo compressor", que é a esquadra de S. Januario. A defesa jogou o seu ritmo normal, enquanto a vanguarda usando o jogo pelas pontas, onde Friaça e Tesourinha estavam sempre desmarcados e lançando as bolas altas sobre a area tricolor, á procura de lpojucan, foi muito feliz, nesse seu modo de agir, bastando-se revelar que três dos quatro tentos surgiram dessas concatenações.
No duelo de taticas, não ha duvidas, venceu e de maneira completa, a "crioula" de Otto Gloria contra a europeia adotada por Zezé Moreira.
Fluminense perdeu-se na confusão do seu sistema de marcação
Apesar de Zezé Moreira ser um estudioso do futebol, cremos que a derrota do Fluminense, cabe, em sua maior dose, ao sistema de marcação adotado pelo seu quadro, quando a maioria, sinão a totalidade de nossos times, joga sob um sistema rigido de bloqueio e com as improvisações que se fizerem necessarias, tanto no ataque, como na retaguarda.
De fato, o sistema de marcação flexível, por zona pode oferecer grandes resultados na Europa, onde os jogadores ficam mais "presos" ao terreno e possuem outra mentalidade profissionalista que os "de casa" e dai as desvantagens que a adoção de tal sistema acarreta para o time que a vem praticando, no caso, o Fluminense.
Esse sistema inglês deu resultado no Botafogo, em 1948, mas é preciso notar-se que nesta época, o Botafogo tinha um time formado de elementos que vinham jogando juntos ha muito tempo e varias deles de comprovada classe e talhados para realizarem esse jogo, além dos outros concorrentes, exceto o Vasco, não apresentaram grandes credenciais para a disputa do titulo maximo, fato que não ocorre este ano.
No prelio de ontem, esse erro do Fluminense foi patente. Bastou Pé de Valsa não cumprir a risca as determinações do tecnico quando atuando pessimamente, Pinheiro ficar "colado" dentro da área e facilitando, assim, as arrancadas do lpojucan e Edmar, além da pouca produção de Orlando e falta de maior traquejo de Joel e Telê para todo o sistema anteriormente, tão estudado, para que o Fluminense "desaparecesse" dentro do gramado e permitisse um completo dominio do adversario.
Castilho tambem, notadamente no lance do ultimo tento, não esteve à altura de seu cartaz e contribuiu de maneira positiva para a derrota de seu clube, ainda que involuntariamente e seja uma contingencia do proprio futebol.
Naturalmente, Zezé Moreira anotou todas as falhas de seus elementos e a impossibilidade da adoção do sistema rígido, pelo menos nos moldes como vem sendo usado e, já para o proximo compromisso, o Fluminense surgirá ante o seu publico com outra fisionomia.
Pinheiro, Edson, Didi e Pindaro, no tricolor e Danilo, Maneca, Friaça, Tesourinha, Alfredo e Eli, no Vasco, foram as grandes figuras do cotejo enquanto Pé de Valsa talvez por defeciencia fisica, foi o mais fraco elemento em campo seguido de perto por Joel.
Mario Viana foi um juiz magnifico. A renda de CR$ 1.O39.672,00, constitue o novo recorde do campeonato carioca de futebol deste ano.
Súmula do jogo
VASCO DA GAMA (RJ) 4 X 2 FLUMINENSE (RJ)
Data: 09/09/1951
Campeonato Carioca 1951
Local: Estádio do Maracanã
Árbitro: Mário Vianna
Público: 87.019
Renda: CR$ 1.039.672,00
Gols: Tesourinha (2), Ipojucan, Danilo Alvim; Carlyle, Didi
VASCO DA GAMA: Barbosa, Augusto e Clarel,Eli, Danilo Alvim e Alfredo, Tesourinha, Ipojucan, Edmur, Maneca e Friaça / Técnico: Otto Glória
FLUMINENSE: Castilho, Píndaro e Pinheiro, Pé de Valsa, Edson e Jaiminho, Telê, Didi, Carlyle, Orlando e Joel.
Fonte: Jornal Gazeta Esportiva
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