sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Orlando Lelé


Crédito: http://www.netvasco.org/mauroprais/vasco/fotos5.html

Orlando Lelé morreu no dia 4 de setembro de 1999, vítima de embolia pulmonar. A rigor, pode-se dizer que foi duramente castigado nos últimos meses de vida. Imaginem alguém agitado como Orlando perder os movimentos do corpo do pescoço para baixo? Ele ficou tetraplégico após uma queda doméstica. Estava no banho quando sentiu tontura e, ao cair, bateu a cabeça no chão.

Orlando foi natural de Santos, onde iniciou a carreira no futebol. No Peixe, em 1972, jogou num time que tinha, entre outros, Pelé, Clodoaldo, Oberdan e o goleiro argentino Cejas. Um ano depois jogou num timaço montado pelo treinador Élbua de Pádua Lima, o Tim (já falecido), no Coritiba. O goleiro era o crioulo Jairo. Oberdan se destacava na quarta-zaga. O meio-de-campo contava com o capitão Hidalgo e Negreiro (ex-Santos), coadjuvados pelo aplicado ponteiro-esquerdo Aladim, que ajudava na marcação.

CORITIBA

O ataque vivia dos gols da dupla Leocádio e Tião Abatiá, principalmente em jogos disputados no Estádio Belfort Duarte, que posteriormente passou a ser chamado de Couto Pereira. Que belo time tinha o Coritiba! Na época, Orlando levava a campo a costumeira raça e ganhava a maioria dos duelos com ponteiros. Como não era jogador técnico, simplificava no passe e treinava exaustivamente os cruzamentos. Assim, quando se transferiu para o Vasco, o goleador Roberto Dinamite pode “degustar” as bolas “açucaradas” vindas do lado direito do campo para fazer muitos gols.

SELEÇÃO

Foi no Vasco a melhor fase da carreira de Orlando Lelé, resultando na convocação à Seleção Brasileira. Em 1975, num jogo contra o Uruguai, participou de uma pancadaria e aplicou uma gravata no pescoço de um adversário. Orlando era explosivo e encrenqueiro, mas amigo leal dos companheiros. Em 1977 também participou do chamado “esquadrão” vascaíno, que sofreu apenas uma derrota no Campeonato Carioca, em 25 jogos. A defesa justificou o batismo de “barreira do inferno” porque impediu que o time sofresse um gol sequer em 18 partidas. Eis a equipe da época, treinada por Orlando Fantoni (já falecido): Mazaroppi; Orlando Lelé, Abel, Geraldo e Marco Antonio; Zé Mário, Zanata e Dirceu; Wilsi-nho, Roberto Dinamite e Ramom.

UDINESE

Orlando teve passagem sem brilho pelo futebol italiano, na Udinese, e posteriormente despediu-se do futebol de forma discreta. Voltou ao noticiário como treinador campeão goiano pelo Goiatuba em 1992, ocasião em que levou o time ao título com uma rodada de antecedência ao ganhar as seis partidas disputadas na fase final.

Também havia aberto mercado no Distrito Federal, após bem sucedida passagem pelo Gama. Assim, tentava furar o forte bloqueio para ingressar no seleto grupo de treinadores, mas uma queda durante um banho alterou radicalmente a sua vida.

Restou de Orlando a lição de quem vivia intensamente o futebol, de quem era persistente e procurava diuturnamente se aprimorar.

Texto de Ariovaldo Izac

Jornalista em Campinas e colaborador do HP

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