quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Coronel



Entrevista com Coronel, ex-jogador do Vasco na década de 50 ao site oficial do C.R. Vasco da Gama em 26/08/2005.

Coronel (Foto: Paulo Fernandes)
“Paulinho (de Almeida), Bellini, Orlando (Peçanha) e Coronel”. Esta era a zaga que a maioria dos vascaínos do final da década de 50 recitavam na ponta da língua. Jogadores que vestiram diversas vezes a camisa da Seleção Brasileira e que ajudaram o Vasco a conquistar campeonatos importantes como os Cariocas de 1956 e 1958, o Torneio Rio-São Paulo, além de muitas competições na Europa contra os principais times do mundo.

Pelo lado esquerdo desta zaga dura e infalível atuava Coronel, que na época tinha que encarar pontas de nível como Telê, Joel, Garrincha, Dorval, entre outros. O tempo passou, as chuteiras foram penduradas, mas o amor e seu ligamento com o Vasco nunca se separaram, e até hoje nas sociais de São Januário podemos ver Antônio Evanil da Silva, ou simplesmente Coronel, acompanhando os jogos do time, sua grande paixão.

Aos 69 anos, o lateral que parou Garrincha bateu um papo com o Site Oficial do Vasco. Confira a entrevista:

Site Oficial: Ano que vem fazem cinqüenta anos de sua primeira conquista pelo Vasco que foi o Campeonato Carioca de 1956, quais lembranças você tem desta competição?

Coronel: Foi meu primeiro título como profissional do Vasco da Gama, onde tinha grandes nomes, grandes homens como: Bellini, Vavá, Walter Marciano de Queiroz, nosso querido e saudoso Pinga, Sabará, Orlando Peçanha, etc. Foi realmente um grande time e uma grande conquista. Espero que nestas oportunidades que vão ter daqui para frente, o Vasco procure fazer uma homenagem com carinho, assim como nós jogadores fizemos quando jogamos. Futebol não é só o dinheiro... futebol é amor, assim como eu tenho pelo Vasco da Gama.

S.O.: Você jogou num tempo que tinha muitos craques na lateral-esquerda como Nilton Santos, Altair e Rildo. Conte mais sobre os craques desta época.

Coronel: Estive há poucos dias com o Nilton, e foi um prazer não só jogar contra ele, mas junto com ele na Seleção Brasileira. Tem uma passagem importante no Sul-Americano de 1959 na Argentina, quando fui o único reserva do Nilton Santos que conseguiu jogar numa competição em que ele estava. Como ele se lesionou, entrei naquela oportunidade e disputei todo o Sul-Americano.

Na decisão Brasil e Argentina, o Nilton já estava recuperado, então o técnico Vicente Feola me disse: “Nós estamos felizes e contentes com você, mas o Nilton vai fazer a despedida dele, portanto gostaria de terminar o campeonato com ele jogando”. Respondi: “Senhor treinador, fique à vontade, estou feliz aqui ao lado do Nilton e de todo o plantel da Seleção Brasileira”.

Ao invés de aceitar, o Nílton Santos fez um apelo ao Feola pedindo que eu permanecesse, e assim aconteceu. Infelizmente, no finalzinho da partida a Argentina empatou e se sagrou campeã, pois jogava pelo empate. Então nós saímos invictos do Sul-Americano e eu feliz da vida por ter participado daquela gloriosa campanha, ao lado de Pelé, Zagallo, Garrincha, Didi, Zito, etc.

Isto é muito bom, porque você imagina: cheguei aqui no Vasco da Gama ainda garotinho, vim lá da roça como um suicida e de repente estava na Seleção Brasileira ao lado dos maiores ídolos do futebol de todos os tempos.

S.O.: Já que estamos falando nestas feras, como era enfrentar o Garrincha?

Coronel: O Garrincha era imarcável! Mas tabus existiam e ainda existem hoje em dia. Por incrível que pareça, sem desmerecer e com maior respeito ao adversário, o Botafogo era freguês de caderno do Vasco. Na semana do clássico eu já fazia as compras antes, porque o bicho era certo.

E a pessoa que mais me ajudou foi o Garrincha, que até hoje é reconhecido como o maior ponta direita do mundo de todos os tempos. Com muito carinho comigo, ele disse que fui o seu melhor marcador. Você imagina quanta alegria eu tenho e tive na época, com o melhor jogador do mundo dizendo que fui o seu melhor marcador! É uma pena que ele não está mais aqui.

S.O.: Muitos falam nas comparações entre Pelé e Maradona, mas outros dizem que Garrincha foi melhor que os dois. Qual a sua opinião?

Coronel: Não existem diferenças e comparações entre eles. Desculpe o termo que vou usar: “Não se pode comparar Dílson com Zé Buchudo”. Garrincha é o Garrincha e Maradona é o Maradona. Garrincha foi o maior jogador de todos os tempos, claro, dentro da sua posição, assim como Pelé dentro da sua. Falar de Maradona é bom, porque foi realmente um craque, e estou feliz por ver ele se recuperando das drogas. Mas não podemos comparar Garrincha com Maradona e Pelé com Maradona.

S.O.: Qual a diferença que você vê sobre o futebol de sua época com o de agora?

Coronel: Não sou saudosista, antigamente você colocava pra fora tudo que tinha de bom. Hoje 90% é físico e os craques não podem mais criar. Não que seja culpa do treinador, é culpa do futebol moderno. Tenho o prazer de vir ao Vasco da Gama, pois sempre vejo o time jogar e digo que não tenho saudade do meu tempo. Mas também não vejo grandes jogadores, é um ou outro que aparece, porque os próprios treinamentos tiraram a criatividade do jogador. Hoje parece um time de robôs, onde são obrigados a fazer o que o treinador quer desde as escolinhas. Então acabaram aqueles jogadores como Gérson, Didi, Garrincha, Maradona e Pelé, não permitindo fazer uma comparação.

Fonte: http://www.crvascodagama.com/

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