terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Nasce o futebol no Club de Regatas Vasco da Gama

Com o sucesso no mar, era hora de colocar a bandeira vascaína no topo de outras modalidades esportivas.

Trazido da Inglaterra, o futebol, depois de um começo tímido nos primeiros anos do século, vinha ganhando força e popularidade junto aos cariocas. Em 1913, um combinado português veio ao Rio a convite do Botafogo para disputar alguns amistosos. O relativo fracasso do time na excursão não foi suficiente para aplacar a empolgação da colônia lusa com o esporte bretão. Em pouco tempo, os portugueses radicados no Rio formaram seus clubes para a prática dessa modalidade esportiva: o Centro Esportivo Português, o Lusitano e o Lusitânia. Dos três, o único que conseguiu manter-se foi o Lusitânia, justamente um clube cujo estatuto só autorizava portugueses nos quadros.

A diretoria do Vasco, interessada desde o início da década em formar um time de futebol, vinha tentando seduzir o escrete luso a se fundir ao clube de regatas. O empecilho era a restrição da nacionalidade, pois as regras do Vasco afirmavam a união de irmãos de todas as raças, mas a norma da Liga Metropolitana de Sports Athleticos (LMSA), que promovia o futebol no Rio, impedia a participação de clubes sem brasileiros em seus quadros. O Lusitânia cedeu e aceitou a fusão.

No dia 26 de novembro de 1915, nascia o futebol do Vasco. Pouco mais de cinco meses depois, no dia 3 de maio de 1916, vestindo uma camisa preta com a Cruz da Ordem de Cristo - equivocadamente chamada de Cruz-de-Malta - à altura do coração, o time do Vasco estreou, no campo do Botafogo, contra o Paladino Futebol Clube, na Terceira Divisão da Liga Metropolitana de Sports Athleticos (LMSA). O resultado não foi muito animador: goleada de 10 a 1 para os adversários. O gol de honra dos cruzmaltinos, primeiro gol da história do Vasco, foi marcado por Adão Antônio Brandão, um português que viera para o Rio de castigo, pois o pai não perdoava sua falta de gosto pelos estudos.


Adão marcou o 1° gol da história do Vasco.

Nos tempos do amadorismo, Adão marcou época no clube como um atleta polivalente, que se destacava tanto no futebol quanto em outros esportes, como atletismo, remo, natação e pólo aquático. Jogou futebol até 1933, quando o esporte se profissionalizou no então Distrito Federal.

O fracasso nos jogos iniciais não desanimou o time. A primeira vitória surgiu pouco tempo depois, no dia 29 de outubro de 1916: o Vasco venceu a Associação Atlética River São Bento por um magro, porém convincente, marcador de 2 a 1. Os gols que deram a alegria aos vascaínos foram de Alberto Costa Júnior e Cândido Almeida. A partida, disputada no campo do São Cristóvão, na Rua Figueira de Mello, valia pontos para a Terceira Divisão da LMSA. No entanto, o resultado positivo não foi suficiente para melhorar a colocação e o time de São Januário terminou em último lugar.

Em 1917, a LMSA foi reformada e passou a ser denominada Liga Metropolitana de Desportos Terrestres (LMTD). O número de participantes em cada Divisão aumentou para dez e os seis clubes da Terceira Divisão - inclusive o Vasco - foram promovidos para a competição da Segunda. No campeonato daquele ano, o Catete ficou com o título, mas o time cruzmaltino começou a mostrar sua força, com nove vitórias em 16 jogos e a quarta colocação no total geral de pontos. No ano seguinte, o título foi conquistado pelo Americano, time da capital, mas o Vasco chegou ainda mais perto, terminando a disputa na terceira colocação.

Em 1919, o Vasco, mesmo com nove vitórias, chegou na quinta posição, deixando o título para o Palmeiras. No ano seguinte, um quarto lugar. No campeonato de 1921, a Liga Metropolitana reordenou as Divisões, separando a Primeira pelas categorias A e B. O Vasco foi conduzido para a B, e os bons resultados não demoraram a aparecer. Os cruzmaltinos chegaram perto mais uma vez, dois postos atrás do time campeão, o Vila Isabel.

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